sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um passado (triste) qualquer...

Eu cresci em casa de estranhos, sou filha de mãe solteira e sofrida, minha mãe trabalhava pra poder sobreviver e pagar as contas. Pagar alguém pra me olhar, até que depois de passar por muitas casas, minha mãe encontrou alguém que cuidou de mim até meus 12 anos. Cresci entre uma família que não era a minha, dava meus trabalhos do dia dos pais para um homem que chamava de tio, mas na verdade ele não era nada meu. Nas reuniões do colégio minha mãe pode comparecer poucas vezes, me lembro de uma só vez. Eu ainda era exemplar. Menina de ouro com estrelinha na testa.
Eu cresci mais fora de casa do que dentro, acho que isso se reflete hoje em dia. Eu desenvolvi habilidade para reclamar do que não me agradava... Mas graças a Deus hoje sei que tenho dever de tentar solucionar o problema. Porque cruz, cada um tem a sua. Já fui uma criança com um olhar triste, uma menina boba, uma adolescente revoltada, uma pessoa lamentável...  
Eu já suportei muitas coisas calada, e quando descobri que eu podia falar machuquei muita gente, principalmente os responsáveis pela minha existência, meus pais. Toda ação gera uma reação. Eu sempre vi as pessoas de um ângulo diferente, entendia certas atitudes explosivas, mas me revoltava ao saber que o outro não conseguia me enxergar assim e me entender reciprocamente. Me ver humana também e ficar calado, respeitar.
Já cheguei a pensar que eu era a errada e eles os normais. Até que um dia passei a ter amigos, que me ouviam antes de falar de mim. Que não eram somente mais um curioso qualquer e sim alguém que se importava comigo, às vezes eles não podiam fazer nada, mas já me ajudavam pelo simples fato de não me deixar enlouquecer com esse mundo de pessoas que a cada dia que passava iam se perdendo ao invés de se conhecerem.
Eu já cheguei ao fundo do poço espiritualmente falando, minha mente um dia já se fechou de tanto ódio das pessoas e do mundo. Hoje uma oração, um pensamento positivo, uma música tranqüila, algumas lágrimas, me renovam e me deixam pronta pra mais um dia. A quem eu devo agradecer? A Deus, a minha genética boa, aos meus amigos, a minha família e a vida que me deu essa oportunidade que se chama dia.
Eu tenho pena de muita gente que não aceita ajuda, que se fecha na ignorância, que não sabe olhar pro próprio umbigo. Posso ser louca, mas não sou burra e nem tola de fechar meus olhos para as novidades. Sou curiosa, gosto de tentar entender as coisas, saber sobre qualquer coisa me interessa. Nesse mundo de caos, pra mim as pequenas coisas são mais importantes, dou valor ao que me faz bem, sem deixar de pensar grande. E peço paciência, pra Deus me ajudar a ignorar as coisas negativas dos meus dias ruins.
Ainda não me tornei a melhor versão de mim, tenho muitos objetivos pra alcançar, e muita coisa pra aprender. Não é fácil ter que me virar sozinha. Mas minha cabeça é boa, só falta meu corpo se equilibrar proporcionalmente na mesma evolução.

 “Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.”
Clarice Lispector

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