sexta-feira, 13 de julho de 2012

Uma coisa complicada de se entender

É triste essa minha capacidade de não lembrar das coisas. Não consigo me lembrar qual foi a última coisa que fizemos. Nosso último momento. Mas isso não te faz e nem me faz menos importante. Você foi a pessoa mais próxima que eu perdi de acordo com a árvore genealógica. Mas eu sempre fui a mais afastada da família. No seu mural não tem foto minha, mas eu não me importo. Tenho poucas lembranças suas. Mas elas são especiais, mais do que esses clichês. Lembro dos seus presentes quando me tirou no amigo oculto. Eu era uma garotinha toda certinha e morria de nojo quando você lambia o meu rosto ao invés de me cumprimentar com um simples beijo. Você adorava fazer isso com todo mundo! Era sua marca registrada!
Estranho como as coisas acontecem... A gente nunca conversou, éramos somente primos. Não tínhamos amizade. Mas eu te amava pelo simples fato do destino nos envolver através do laço familiar. A vida não é como a gente quer, e as pessoas também não. Somos todos particulares com vida própria. Nascemos e morremos sozinhos. Isso são fatos. Mas esse negócio de morte não é algo muito bom de encarar. Eu me senti estranha quando fui na sua casa, me senti vazia como se eu não valesse nada. Percebi que a única coisa que precisamos é de felicidade para viver melhor com nós mesmos. Não gosto quando acontecem coisas ruins. Eu não sei o porquê, mas eu mudei de uns tempos pra cá. Eu tenho uma tristeza escondida que talvez você deve saber como é. Eu sei ser feliz, mas às vezes a tristeza insisti em vir a tona e eu sofro sozinha. Gosto de compartilhar alegrias e não gosto de demonstrar quando estou triste.
Me parece que você viveu bem a sua vida, eu adoraria ter te conhecido de verdade, algo mais além de noites natalinas e festas de família. Mas tudo bem um dia a gente deve se encontrar, caso isso não aconteça você não vai saber que eu gostava de você, sem saber nem o porquê... Mas o que importa é que eu vou carregar sua imagem comigo e me recordarei das poucas lembranças que me restaram de você.
Um dia quanto eu acordar deste sonho que se chama vida, assim como você, talvez eu possa conhecer alguma verdade que ninguém neste mundo ainda sabe. Todos nós trilhamos um único caminho onde a parada é a morte. Um mistério que nem sabemos se algum dia desvendaremos. Mas prefiro acreditar em segundas chances e lembranças fortes. Até mais ver Gui.

 “O acontecer do amor e da morte desmascaram nossa patética fragilidade.” — Caio Fernando Abreu

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